Origem inesperada de uma franquia lendária
A série The Elder Scrolls é hoje referência entre os jogos de RPG, conhecida por seus mundos vastos e abertos, repletos de possibilidades. No entanto, essa grandiosidade não estava nos planos originais. Quando a Bethesda começou a desenvolver o primeiro jogo da franquia nos anos 1990, o conceito era completamente diferente — e o nome The Elder Scrolls: Arena ainda carrega vestígios dessa ideia inicial.
Um jogo de combate, não um RPG
O plano original para Arena era criar um jogo de batalhas entre gladiadores em um cenário medieval. Os jogadores controlariam uma equipe de combatentes viajando pelo continente fictício de Tamriel, enfrentando adversários em arenas de diversas cidades. O objetivo final seria se tornar o grande campeão na arena da capital imperial.
A proposta focava em combates em tempo real e na gestão estratégica de um grupo de quatro personagens. A base do jogo reutilizava parte da tecnologia usada no shooter The Terminator: Rampage, desenvolvido anteriormente pela Bethesda.
A virada para o RPG
Com o tempo, no entanto, elementos secundários como as missões paralelas — que serviriam apenas para dar mais vida ao mundo do jogo — ganharam destaque. Isso se deve, em parte, à paixão dos principais desenvolvedores, Ted Peterson e Vijay Lakshman, por RPGs de mesa e jogos como Ultima Underworld.
Diante disso, a ideia original foi deixada de lado. O projeto se transformou em um RPG completo com um único protagonista. O foco passou a ser a exploração de Tamriel, com missões elaboradas, masmorras infestadas de monstros e um sistema de evolução do personagem.
O conceito gladiador nunca saiu da fase de planejamento. Na versão final, restaram apenas alguns arquivos de texto contendo os nomes de equipes que teriam feito parte das arenas. O título Arena foi mantido, mas reinterpretado: Tamriel, dominado por guerras, seria uma arena em si.
Projeto “Blackbird”: MMORPG cancelado após sete anos
Além de sua consagrada série principal, a Bethesda, por meio do estúdio Zenimax Online Studios, vinha trabalhando desde 2018 em um novo MMORPG, conhecido internamente pelo codinome Blackbird. Contudo, o jogo jamais verá a luz do dia.
Impacto das demissões na Microsoft
Recentemente, a Microsoft anunciou a demissão de mais de 9.000 funcionários, afetando especialmente a divisão de games. Estima-se que entre 1.000 e 2.000 desses cortes ocorreram em equipes ligadas a jogos. Como consequência, diversos projetos em andamento foram abruptamente encerrados.
Entre os cancelados está justamente Blackbird, que vinha sendo desenvolvido de forma sigilosa por Zenimax. Embora o estúdio tenha se concentrado nos últimos anos em atualizações e expansões para The Elder Scrolls Online (lançado em 2014), o novo projeto representava uma iniciativa completamente nova, sem vínculo com IPs já existentes.
Fim de uma jornada promissora
O diretor do jogo, Ben Jones, revelou em 2022 que já estava há quatro anos e meio envolvido com o desenvolvimento do novo título — o que confirma que a produção começou pelo menos em 2018. Apesar disso, nunca houve anúncios oficiais, nem imagens divulgadas do projeto.
Em publicação recente no LinkedIn, Jones confirmou o encerramento de Blackbird, descrevendo-o como um dos projetos mais ambiciosos e empolgantes de sua carreira. Ele lamentou profundamente o fim do jogo, declarando estar emocionalmente abalado com o cancelamento.
Um futuro incerto
O universo The Elder Scrolls continua forte com seus títulos clássicos e ESO, mas a perda de Blackbird levanta questões sobre o futuro da franquia online. Com o cancelamento de um projeto tão promissor após sete anos de desenvolvimento, os fãs agora voltam sua atenção para The Elder Scrolls VI, ainda sem data definida para lançamento.